- Os textos dessa série são baseados no livro “Missão Transformadora”, escrito por David Bosch em 1991. O autor estuda o significado de missão através da história e defende que as mudanças do mundo recente em diversas áreas trazem inquietações e transformações também para a perspectiva da missão. Bosch lista e argumenta sobre elementos da missão que, conectados uns com os outros, precisam ser consideradas para que esta permaneça fiel à sua verdadeira natureza. O nosso estudo é realizado a partir de 9 desses elementos.
Durante a história do cristianismo, à medida em que se tornou religião oficial do Império Romano e que as relações da Igreja com o Estado ficaram bastante estreitas no contexto do Ocidente, não foi necessário se pensar no testemunho da fé aos outros. A compreensão geral da sociedade, ou pelo menos da Igreja, é que o cristianismo era absoluto e correto, e que qualquer outro tipo de religião era inferior e sem muito uso.
Não há como negar que a missão como apresentada no contexto bíblico foi deixada em grande maneira de lado, e que por muitos séculos a “missão” aconteceu com povos sendo convertidos à força por meio de poder político, por toda a Europa e nos países colonizados, o que gera questionamentos até os dias de hoje.
Hoje em dia, o cristianismo não é mais o poder dominante. Embora vivamos em sociedades moldadas em grande parte por moral e ações cristãs, não somos mais separados por oceanos de pessoas que tem uma fé totalmente diferente, num mundo intensamente globalizado.
A verdade bíblica do Evangelho, no entanto, continua sendo a mesma. Como testemunhamos àqueles que vivem outras crenças? Como lidamos com os budistas, islâmicos, hinduístas, ou mesmo com ateus e agnósticos? A sociedade dominada pelo poder político cristã do passado era a ideal?
Ao mesmo tempo, vivemos um profundo relativismo, onde toda verdade é verdade para aquele que a toma. Nisso, muitas vezes o cristianismo é colocado apenas como uma maneira de ver o mundo, assim como as outras religiões, mas que apenas refletem parte de uma verdade maior ou verdade nenhuma.
Como lidar com a tensão de comunicar uma Verdade, sem abrir mão dela, e também sem obrigar as pessoas a aceitá-la?
“Sem meu comprometimento com o Evangelho, o diálogo se torna um mero bate-papo; sem a presença genuína do próximo, ele se torna arrogante e sem valor” ¹
A mensagem do Evangelho é em si uma mensagem de graça, que recebemos sem mérito nenhum e de uma obra na cruz da qual também somos necessitados. A obra de Jesus é a obra de quem proclamou e viveu a verdade, mas que não levantou um dedo contra os seus inimigos. O cristão dialoga, mas dialoga com humildade, intrínseca à sua fé.
A mensagem nos é dada por Deus, seu Espírito nos capacita, mas nós não somos possuidores dela, a declará-la para uma massa de ignorantes necessitados. Somos nós mesmos necessitados dessa mensagem, e somos levados ao seu encontro de novo ao pregarmos.
Somos convocados como embaixadores (2 Co 5.20) de uma mensagem maravilhosa, e temos a oportunidade de anuncia-la em humildade ao mesmo tempo que ela profundamente nos transforma.
“Conhecemos apenas em parte, mas conhecemos. E cremos que a fé que professamos é tanto verdadeira quanto justa e deve ser proclamada. Não o fazemos, todavia, como juízes e advogados, mas como testemunhas; não como soldados, mas como mensageiros da paz. Não como vendedores persuasivos, mas como embaixadores do Senhor Servo.” ²
¹ (BOSCH, 2009, p. 578)
² (BOSCH, 2009, p. 584)
Por Missão Zero
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