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ABRIL, 2019
Por Missão Zero
Tudo o que é criado tem algum propósito. Tudo o que é feito é feito para algo. Um livro é escrito para que seja lido, um copo é feito para conter líquidos, um armário é feito para armazenar coisas.
Muitas dessas coisas, como as citadas, existem desde muito antes de nascermos, e consideramos elas como dadas. Um copo foi criado porque alguém queria carregar ou armazenar líquido; talvez alguém percebeu que segurar água com a mão é possível, mas não muito eficiente. Para nós, um copo é um copo, e nem paramos para pensar que isso em algum momento foi criado.
Parece muito simples, certo? Mas às vezes repensar o motivo e propósito das coisas faz-nos pensar em o que temos feito com elas.
O propósito da igreja
A igreja está presente há muito tempo na história das pessoas, mas não desde sempre. No relato bíblico, temos no livro de Atos, capítulo 2, logo depois da ascensão de Jesus aos céus, o que é chamado de Igreja Primitiva, o início da história da igreja. Dois mil anos de história e temos a igreja que conhecemos hoje.
Muito se fala sobre a forma como a Igreja Primitiva se reunia e vivia, que é de fato um testemunho muito bonito de vivência de comunhão e amor. No entanto, qual era a motivação, e o que fez deles igreja em primeiro lugar?
Podemos agora olhar para as últimas palavras de Jesus no livro de Mateus e no livro de Atos, que são convocações finais ao seu Povo.
“Então, Jesus aproximou-se deles e disse: foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a obedecer a tudo que lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.” Mateus 28.18-20
“Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.” Atos 1.8
As palavras que antecedem a formação da igreja são de envio, assim como Jesus já havia dito, “assim como Pai me enviou, eu os envio” (João 20.21b). Não é exagero pensar que as últimas palavras que Jesus disse aos seus discípulos eram algo a que ele queria dar muita importância e ênfase.
“A Grande Comissão (Mt. 28.18-20) não foi uma reflexão tardia ou um pós-escrito adicionado às pressas nos momentos finais de Jesus na terra. Foi a força motivadora de sua vida e ministério”¹
A igreja, corpo de Cristo, se formou com a ordem de Jesus de fazer discípulos, batizar e ensinar, com a companhia do próprio Jesus e capacitação do Espírito Santo, em todas as nações, até os confins da terra. Quando foi que isso mudou?
Reconciliação
Jesus Cristo veio ao mundo para reconciliá-lo com Deus, e nos deixou como embaixadores dessa mensagem, como testemunha Paulo:
“Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta o pecado dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto, somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo seu apelo por nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: reconciliem-se com Deus” (2 Coríntios 5.18-20)
A igreja começou com um grupo de embaixadores de Cristo na terra, e não é hoje nada diferente. Discipular, ensinar e pregar o Evangelho até os confins da terra era e é a ordem de Jesus para a igreja. A missão não é um departamento da igreja, mas o propósito da igreja. Deus já estava em missão de reconciliação em Gênesis 12.3 quando designa um povo e o promete que “…por meio de vocês, todos os povos da terra serão abençoados”. A igreja faz parte da missão, não é a missão que faz parte da igreja.
“Não é que Deus tenha uma missão para sua igreja, e sim que ele tenha uma igreja para a sua missão”. ²
Daniel Borchardt Deggau
¹ David Joel Hamilton, “Venha o Teu Reino”
² Christhofer J. H. Wright, “A Missão do Povo de Deus”
*Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional (NVI), a não ser que indicado o contrário.
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