A Nicodemos, que pergunta sobre a possibilidade de nascer de novo, Jesus lhe responde: “O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todos os nascidos do Espírito.”
Este versículo da Bíblia ressoa com a missão, a proclamação do evangelho na Europa hoje. Ela segue o vento de liberdade que abala nossos hábitos e nossas Igrejas. Ela está indo, não sabemos bem para onde, mas decididamente para atingir pessoas que não são de nosso “clube”. E ela é levada por crentes que são livres e inventam com Deus meios para anunciar sua Palavra e testemunhar a sua presença com gestos fraternos.
Hoje proclamamos o Evangelho em uma sociedade que perdeu a cultura religiosa e na qual todos são livres com suas convicções e espiritualidade. Nossas igrejas se tornaram multiculturais, acolhendo pessoas de todos os horizontes. Elas possuem estruturas e hábitos herdados da história, que lhes asseguram estabilidade, mas às vezes carecem de agilidade e flexibilidade.
Diante da perda da cultura religiosa, a missão passa pela encarnação, pelo concreto. É o testemunho do nosso encontro pessoal com Cristo, é a festa partilhada no culto, é o gesto de fraternidade oferecido que pode fazer sentido. Devemos redescobrir o que é essencial para nós na fé e aprender a dizê-lo com as palavras do dia-a-dia, e a vivê-lo com simplicidade.
Para levar em conta o aspecto multicultural, a missão envolve aprendizagem mútua. O outro, aquele ou aquela que vem de outro horizonte, seja ele geográfico ou espiritual, tem coisas a nos ensinar. Podemos enriquecer um ao outro. Para que o outro encontre o seu lugar, muitas vezes temos que deixar este espaço para ele. A missão também envolve uma parte da renúncia aos nossos hábitos. Talvez o exemplo mais simples de se tomar sejam os hinos. Não são apenas os Salmos do século 16 que são lindos. E para que possamos caminhar com o outro, é importante que nos entendamos. A missão exige que tenhamos pessoas na igreja que possam ser intérpretes para pessoas que vêm de outros lugares. E também que tenhamos pessoas que falem as línguas daquelas e daqueles que não entrarão pela porta sozinhos, mas que possamos alcançá-las quando saímos de nossas igrejas. Existe aqui todo um campo de formação e mediação intercultural que se abre para as igrejas missionárias.
Algumas de nossas igrejas europeias têm a sorte de estar estabelecidas há muito tempo. Elas são “históricas”. Devido à força de suas estruturas, de suas redes e de seu funcionamento, elas às vezes são “tímidas” em fornecer estruturas para experiências fora do comum. Plantar uma igreja, nós sabemos fazer. Permitir-nos uma experiência inovadora que permita uma presença de igreja em um shopping-center, ou reconhecer a existência da igreja nas casas dando-lhes em um lugar no sínodo, é mais complicado para nós. A missão leva as nossas igrejas a ganharem agilidade, a se libertarem de certas funções, porque se as igrejas locais continuam a ser a base da nossa vida comunitária, outras possibilidades têm de ser inventadas para alcançarmos os homens e mulheres do nosso tempo.
Para onde nossas igrejas em missão estão indo hoje? Só o Espírito sabe. Mas o que é certo é que um vento de liberdade sopra em nossas igrejas na Europa e que ele é promotor de renascimento.
Gwenaël Boulet – Pastora e Secretária Nacional de Evangelização e Formação da Igreja Protestante Unida da França
Por Missão Zero
Novos Desafios, Novos Horizontes
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Um Ensaio sobre o Amor Multicultural
Um ensaio sobre o amor missionário, que se importa com o outro, se doa, e leva o amor de Deus aos diferentes povos, línguas e nações.
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