“Você enfrentou minha família e salvou minha vida; agora preciso saber o que devo fazer para acreditar em quem você acredita!”
Não entendi essas palavras na hora de ouvi-las. Por um instante pensei que talvez fosse uma armadilha. Eu tinha retornado ao país depois de mais de 5 anos e estava completamente desatualizada de como a polícia secreta estava operando. Meu amigo podia ser um informante da polícia religiosa. Eu precisava me sentar com ele num lugar onde pudesse indagar mais a respeito. Não é bem-visto pela comunidade local que mulheres solteiras recebam homens em suas casas. Depois de vários dias tentando me encontrar com Cristian, superei meus próprios medos e preconceitos e o convidei para conversar em casa.
Conheci o Cristian quando ele tinha apenas 11 anos e já fazia parte da minha rotina receber ele e seus amigos. A essa altura ele era apenas uma criança e não havia problemas com os vizinhos. Porém, a mudança foi drástica: Cristian era agora um jovem atlético de 19 anos e, claro, mais alto que eu. Quando me encontrei com ele, expliquei-lhe que tinha demorado a responder-lhe porque precisava mesmo encontrar uma forma de conversar com melhor com ele e que eu ainda não entendi ao que se referia – não só a que – “salvei-lhe a vida, mas ainda mais sobre o que tinha de fazer para acreditar na mesma coisa que eu”.
Cristian me fez lembrar que vários anos atrás ele padeceu de uma infecção devastadora em sua perna e que eu tinha sido a única pessoa que não acreditou no diagnóstico dos médicos e dos Cheikhs que fizeram com que um demônio tivesse tomado o controle da perna e, portanto, não tinha nada que pudesse ser feito. Confesso que havia me esquecido completamente desse acontecimento! Quando ele mencionou isso me refrescou a memória, e lembrei o quão fraco eu havia encontrado o Cristian – a febre estava muito alta e sua mãe me disse que a vida de seu filho estava nas mãos deste demônio e que tudo o que tínhamos a fazer era esperar que Deus fizesse um milagre. Levei o Cristian a uma clínica e implorei aos médicos que o ajudassem. Os recursos financeiros chegaram e conseguimos cobrir as despesas da cirurgia, que salvou a perna dele. Agora meu jovem amigo estava jogando futebol em um time da segunda divisão. Depois desse relato, eu consegui entender o que o motivou a dizer a segunda parte: “eu quero acreditar…” Cristian me disse que deveria haver algo maior em mim para fazer o que eu havia feito e eu concordei. Eu disse a ele que eu acreditava em Deus e em seu Filho, mas que na realidade não havia nenhum requisito ou ritual que ele tivesse que fazer para acreditar. Acrescentei que era uma questão de estabelecer um relacionamento com Ele e que era necessário que o Cristian tivesse uma revelação de quem Ele é. O Cristian não entendeu, e continuou insistindo em fazer algum tipo de ritual e eu clamava por uma revelação de Deus. No final Cristian me perguntou “Como posso ter uma revelação?” (ótima pergunta) e eu respondi que o único jeito era pedir a Ele por essa revelação e que era muito importante que ele lesse nosso Livro. Para minha surpresa, ele já havia baixado o APP no celular. Pedi-lhe que começasse com João, e que eu ia ligar-lhe para lhe perguntar o que tinha descoberto ou aprendido. Naquela mesma noite ele me enviou uma mensagem dizendo que havia lido grande parte do livro de João.
No contexto que sirvo, homem trabalha com homem e mulher com mulher. Por isso, precisava urgentemente encontrar um homem disposto a caminhar com Cristian. Orei e pedi, mas não encontrei ninguém disponível que soubesse o idioma local. Um dia, enquanto eu voltava para casa, nosso pai colocou Diego e sua família em minha mente (ele é um treinador de futebol, casado e com filhos). Perfeito! Só tinha um probleminha, ele não sabia a língua local (o Pai sempre escolhe o menos esperado!). Orei novamente e falei com eles. Obviamente esta família estava disposta e, depois de ter discutido ao respeito dos riscos, começamos a nos reunir com Cristian semanalmente. Sempre iniciávamos os nossos encontros perguntando ao Cristian que porções do Livro ele tinha lido. Como era de se esperar, havia muitas comparações entre as histórias e as diferentes práticas. O incrível era ver como o Cristian nunca se contentava em ler apenas um trecho. Às vezes recebia mensagens onde ele me dizia que tinha lido capítulos ou livros inteiros.
Com o tempo, Cristian parou de perguntar sobre os rituais para seguir nosso Caminho. No dia 24 de dezembro, Cristian enviou-nos uma mensagem, assegurando-nos a respeito do que tinha acontecido, agradecendo-nos por lhe termos proporcionado um sítio aonde ir e por termos feito ele sentir-se parte de uma família. Ao final, ele nos disse que depois de ler tanto, teve uma revelação com a Mensagem do nosso Livro, que agora sabia que era amado e que havia redimido sua vida. Agora não apenas sabia que estava perdoado, mas também que ele era um Filho. Ainda tenho uma captura de tela dessa mensagem, usei o tradutor do Google para ter certeza do que estava lendo e, não sendo suficiente, enviei a mensagem para uma pessoa local que confirmou o que estava lendo. Aquela noite foi uma das melhores da minha vida. Tivemos um jantar com a família do Diego e Cristian.
Só que a história não acaba aqui. O nosso amigo continua a ler e, não bastasse, já desafiou dois dos seus colegas a lerem o nosso Livro. Ele também contou à mãe e aos irmãos sobre sua nova fé. Cristian busca incessantemente a plenitude do Consolador porque acredita que nosso mestre viveu em santidade e que tem autoridade. Sem dúvida, acreditamos que a ousadia e paixão que vemos em Cristian é por causa de nosso Amigo. Dois dias antes de deixar o país, Cristian me apresentou a Timóteo, um colega que está no mesmo processo que ele. Cristian e nosso novo amigo continuam caminhando na companhia de Diego e outro irmão fiel. Nosso Pai está trabalhando continuamente na vida das pessoas do Chifre da África, mesmo nos lugares mais sombrios. Ao se lembrar desta região, não deixe de mencionar aqueles que estão precisando escutar ao respeito de nossa Mensagem. Eles precisam entender que não são rituais, mas sim um convite para se relacionar com um Deus Revelado.
Por Missão Zero
Novos Desafios, Novos Horizontes
Juntos podemos enfrentar novos desafios e alcançar novos horizontes na missão de Deus!
Um Ensaio sobre o Amor Multicultural
Um ensaio sobre o amor missionário, que se importa com o outro, se doa, e leva o amor de Deus aos diferentes povos, línguas e nações.
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