“Porque evangelizar a Europa?” Essa é uma das perguntas que mais ouço desde de que comecei meu ministério na França, junto com meu marido, e acho que ela até pode ser pertinente. Mas eu gostaria de formulá-la de maneira diferente. Muitas vezes essa pergunta pode nos fazer pensar que a Igreja ou o Reino de Deus é algo somente local, regional ou da nossa cultura ou nação. Além disso, a pergunta pode nos levar a fazer, mesmo que inconscientemente, a avaliação da pertinência do trabalho missionário segundo as condições sociais/financeiras das pessoas que irão se “beneficiar” desta missão (quanto mais necessitados socialmente, mais precisam ser evangelizados). Mas será que esse é o critério da visão de Deus para a evangelização do mundo?
Jesus foi bem claro quando falou aos seus discípulos em Mateus 28.19: (…) vão e façam discípulos de todas as nações, (…). Uma ordem que não restringe o alcance de pessoas devido à sua localização geográfica ou à sua classe social. Você então pode me dizer que tudo isso é um clichê, algo que já ouviu tantas vezes. Mas, mesmo assim, sigo afirmando que temos dificuldade em entender a dimensão dessa ordem.
A própria igreja do livro de Atos não havia compreendido, e precisou sofrer com a perseguição para sair do “ninho” e alargar a sua área de evangelização (Atos 8.1). Então, se analisarmos bem para a ordem de Jesus veremos que “por que evangelizar” nunca deveria ser uma pergunta dos discípulos de Cristo, mas sim “como evangelizar”.
A Europa foi responsável pela evangelização dos países americanos. Foi nela que o cristianismo se desenvolveu já nos primeiros séculos depois de Jesus e por meio da colonização fomos também evangelizados. Mas, desde o início do século XX, ela vive um período de descristianização e, por isso, hoje ela precisa ser novamente evangelizada. Muitos acreditam que essa situação se dá por conta do secularismo, mas eu ouso discordar deste pensamento. Os muitos séculos em que a igreja e o estado caminhavam juntos gerou um grande estrago em alguns contextos e, falando em particular da França, o grande distanciamento entre as pessoas e a “religião” se deu por conta dos muitos abusos gerados por esse casamento.
Ter repulsa da religião de um modo geral não quer dizer que as pessoas estão fechadas para a espiritualidade ou para Deus. Pelo menos é isso que temos vivido nesses anos por aqui. Ouso mesmo dizer que aqui na Europa encontramos hoje um contexto muito parecido com o da primeira igreja relatada em Atos: pessoas que vivem uma realidade religiosa e precisam ter um encontro verdadeiro com Jesus ressurreto, outros que nunca ouviram falar e que pensam que a Bíblia conta uma história fictícia e outros que já tiveram um encontro verdadeiro com Cristo e precisam ser discipulados e enviados.
Deus vê a sua igreja local, regional, nacionalmente, mas ele vai além: a Igreja de Cristo é mundial, global e mesmo universal. Então, quando falamos sobre evangelização, missão e Reino de Deus, precisamos olhar além do que vemos localmente. Somos chamados e enviados para a Igreja no mundo. O apostolo Paulo nos ajuda a entender isso em sua carta à igreja de Corinto, quando ele diz que somos um só corpo em Cristo e que quando uma parte sofre, todos sofrem (1Co 12). Então, se a igreja na Europa ou no nosso bairro está sofrendo, todo o corpo, a Igreja de Deus no mundo, é vocacionada, chamada e enviada a cuidar deste membro.
Então agora eu refaço a pergunta: Por que não evangelizar a Europa?
Mariana Erhardt
Por Missão Zero

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