O ano de 2020 marcou a nossa existência. Acredito que todas as áreas da sociedade foram, de alguma forma, impactadas pela pandemia da COVID-19. A igreja cristã também precisou rever a forma como estava pregando o Evangelho. Em poucos dias vimos uma migração apressada para o ambiente digital. Quem antes não tinha um canal no Youtube, uma página no Facebook e um perfil no Instagram, passou a ter que se acostumar com essas ferramentas. Sem um planejamento, muitos reproduziram o formato do ambiente físico para o virtual. Tudo certo! O momento pedia essa atitude, pois era necessário correr se quiséssemos continuar pregando o Evangelho.
Um grande problema que vimos acontecer foi esse “Ctrl+C e Ctrl+V” das liturgias de um ambiente para outro. Cultos mais extensos, que só fazem sentido dentro do templo, foram replicados para um ambiente que é muito mais competitivo que o mundo físico. A disputa é com as distrações – além das múltiplas tarefas dentro das casas, temos também a infinidade de conteúdo que a internet oferece. Não estou falando de “disputa” com outras igrejas, porque isso, na verdade, não é um problema, mas uma bênção. Essa competição ocorre com o catálogo tentador da Netflix e dos outros serviços de stream; com as lives de grandes artistas; com os infinitos desenhos animados; etc.
A internet entregou essa facilidade de chegarmos até as casas, porém temos alguns pontos para prestar atenção. Acredito que não podemos partir do pensamento “precisamos falar com todos sobre o Evangelho”, mas sim “com quem vamos falar sobre o Evangelho?”. Já diz um ditado muito famoso da comunicação: “Quem fala para todo mundo não fala para ninguém”. Será que é certo aplicarmos isso para dentro da igreja? O Evangelho não é para todas as pessoas? A resposta que posso dar é sim, e sim. Para ambas as perguntas só posso responder que sim!
O Evangelho é sim para toda a humanidade, sem acepções. O mandato de Jesus Cristo é para fazermos discípulos em todas as nações (Mateus 28.19). Porém, eu insisto em dizer que, se nós não personalizarmos a experiência da comunicação, não chegaremos nem em nossos vizinhos. É necessário entendermos com quem estamos falando, conhecer nosso público-alvo, enxergar suas dores e seus sonhos. Isso tudo para que possamos encontrar os melhores meios de comunicar a Palavra.
Paulo já havia feito isso! Ele se fez “tudo para com todos” (Leia 1 Coríntios 9.19-22). O próprio Deus, em Jesus, também fez isso! Não é o Cristo uma tradução do amor de Deus para a nossa linguagem humana? Voilà! Chegamos na palavra-chave: tradução. Essa sempre foi a nossa tarefa: traduzir o Evangelho para dentro da realidade das pessoas. E hoje, ainda mais, para dentro da realidade virtual, onde nossas igrejas se encontram massivamente. Além de conhecer as ferramentas online que temos, precisamos estar por dentro do que as pessoas estão vivenciando; em quais redes sociais elas estão presentes; quais assuntos mais as interessam; e por aí vai!
Se me permitem, quero ainda atualizar uma frase do teólogo Karl Barth. Ele dizia que “é preciso segurar numa mão a Bíblia e na outra o jornal!”. Hoje, eu diria, que “é preciso segurar numa mão a Bíblia e na outra o seu smartphone” – temos aí as ferramentas para alcançar a humanidade com a Palavra do nosso Senhor. Não é só copiar e colar a liturgia do culto. Não é só divulgar agenda em nossas redes sociais. Que o nosso Senhor nos abençoe e nos inspire a sermos criativos nessa tradução tão necessária.
*Pedro é Comunicador digital na IECLB Itajaí/SC – @pedrori
Pedro Rolfsen Ittner
Por Missão Zero

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