Lembro-me quando eu e minha esposa Carla conversávamos sobre ter nosso segundo filho e recordo-me de ela ter falado da dor quase insuportável do parto de nossa primeira filha. Então juntei os dois pontos e perguntei a ela se já não mais lembrava da dor do parto, e sua resposta foi simplesmente: as mulheres esquecem disto. Logo, minha pergunta é: o que faz uma mulher esquecer de uma dor tão aguda, da qual nós homens se quer sabemos o que significa? Bem, tudo isto se explica a partir do amor. O amor em poder gerar uma nova vida é algo indescritível.
E antes que se possa avançar na conversa, sim, ter filhos dá trabalho e não é pouco. Muito de nossa atenção é drenada para aquele pequenino ser que é totalmente dependente de você. Uma atenção que envolve afeto, horas de envolvimento, de colo, alimentação e higiene. Por isto, não vejo nomenclatura melhor para descrever a relação entre uma comunidade-mãe (geradora) e uma filha gerada.
Na medida em que esta filha é gerada, cada nova fase é um encanto e uma nova emoção. Assim é ao vermos pessoas que nunca ou pouco contato tiveram com a palavra, o evangelho e uma comunidade, e vão sendo despertadas para a fé. A alegria de simples descobertas na Palavra de Deus, em respostas de oração, vai ganhando um novo colorido e um novo sabor. Coisas que já nos são tão comuns para crentes velhos, mas tão singelas para pessoas novas na fé. Ver a espontaneidade da oração, a fé simples e até certo modo ingênua aquece o coração e faz novamente arder o fogo do primeiro amor.
Experimentar como aquela pequena fé vai ganhando espaço e sendo não apenas derramada na vida dos primeiros que chegam, mas das famílias e dos amigos deles. A novidade de cada processo e fase faz com que a mãe sinta novamente a alegria de se sentar no chão e brincar com uma rolha ou um pequeno pedaço de papel com seu filho que engatinha. Talvez a melhor parte de ser pai e mãe é que a gente tem “licença” para fazer novamente coisas de criança. Práticas simples da fé, esquecidas na nossa infância de fé, são despertadas.
A alegria do legado. Saber que você, como comunidade-mãe, está perpetuando um legado. Um legado não de um prédio, talvez seu novo templo, mas de um evangelho que vai se expandir para além de você mesmo. Assim como um filho tem um pouco de nós, também será uma pessoa completamente diferente, e esta diferença vai atrair e influenciar outras pessoas que nós não iriamos e vai alcançar pessoas que não alcançaríamos. E quando falamos de legado, falamos daquilo pelo qual seremos lembrados. A tão falada comunidade em Antioquia até hoje é lembrada pelo seu despojamento, obediência e coragem de ser a comunidade-mãe de todas as outras comunidades que temos cartas no Novo Testamento: Corinto, Roma, Filipos, Colosso, e por aí vai. Cada uma destas igreja carregou dentro de si a semente de Antioquia, mas seguiu seu curso e sua trajetória e foi sendo bênção a outros.
A Alegria de encontrar um propósito para além de si mesmo. Perceber que a fé é um ato multiplicador na vida de pessoas, mas também de novas igrejas. Não é fácil, dá muito trabalho. Mas a cada nova pessoa há uma nova alegria.
Só sabe da alegria de ser mãe, quem já foi. A dor do parto, ao que parece, é menor do que a alegria de gestar, cuidar e criar.
Samuel Scheffler
Por Missão Zero

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